Nascida na Califórnia, durante a ebulição sonora provocada por uma certa banda de Seattle, o Stone Temple Pilots já parecia ter um destino certo, o fim precoce. Estourados na MTV, onde em 1993 ganharam o prêmio de “Banda Revelação”, e impulsionados pelo sucesso do primeiro CD, “Core”, que vendeu mais de sete milhões de cópias, a banda foi rapidamente convocada pela emissora pra gravar o seu “Unplugged”.
Esse repentino e inesperado sucesso começou a ruir na hora em que a banda vinha colhendo os frutos de seu instantâneo sucesso, em plena turnê de seu terceiro disco, com os problemas de seu front-man Scott Weiland com as drogas, o que levou a banda a cancelar uma série de shows.
Em 2003, a banda anunciou o seu fim, após o lançamento de uma coletânea com os hits da banda, o que acabou acontecendo devido às prisões e pesados envolvimentos do vocalista com as drogas.
Com o fim da banda Scott virou o vocalista da banda formada por ex-integrantes do Guns and Roses, “Velvet Revolver”, e seus amigos de banda viraram produtores musicais. Ao deixar o Velvet, Scott foi deixando pistas na imprensa de que a banda estaria voltando, o que de fato aconteceu, resultando em uma turnê pelos EUA em 2008, obviamente sugerindo a gravação de um novo disco.
Nesse primeiro disco desde a sua volta, temos uma banda mais adocicada, domada, e um Scott mais comedido. O grande atrativo desse álbum é justamente esse, a forma dispar ao formato ao qual a banda é historicamente reconhecida.
E isso não é um demérito, pelo contrário, é uma prova de que os membros da banda ganharam um precioso tempo para amadurecer sua sonoridade, caprichando principalmente nas melodias das suas doze canções. As letras, recheadas de amargas inspirações que vão do recente divórcio de Weiland à morte de seu irmão, talvez também acabem contribuindo para a sonoridade mais melancólica do álbum.
Mesmo assim, o primeiro single “Between The Lines”, busca nas raízes da banda o som ideal que represente a sua volta, o que funcionou bastante bem, pois a banda atingiu o primeiro lugar da Billboard com a mesma. Essa busca ao seu tradicional som também ocorre em "Fast As I Can", mais um dos poucos momentos em que a banda lembra o seu som original.
Já na segunda faixa e segundo single do disco, "Take a Load Off" ,a banda convida o ouvinte a conhecer o novo “Stone Temple Pilots”, com melancolia espalhada ao longo da canção, que destaca-se por vocais em côro que emula os anos sessenta.
O mesmo acontece em “Hickory Dichotomy”, anos sessenta puro, mais precisamente algo entre a harmonia vocal dos Beatles e a pegada dos Kinks, ou ainda na adocicada e ensolarada "Cinnamon", que inclui inclusive os “Come on, come on”, tão populares nos anos sessenta.
Esse mesmo estilo também volta a rolar no disco em "First Kiss on Mars" , cançãozinha de três minutos com um impressionante apelo pop, lembrando as músicas mais cantaroláveis do Weezer.
Os baladões, que funcionam incrivelmente bem na voz de Weiland, também estão presentes também no álbum, como em "Dare If You Dare", com um riff chupado da versão de Eric Clapton para “Little Wing”. As baladas inclusive dão o tom de despedida do álbum ao aparecer no encerramento do disco com a canção “Maver”.
Assumidamente calcado nos anos sessenta e setenta, o auto-intitulado novo álbum do Stone Temple Pilots, é um prato cheio para aqueles que gostam de uma boa diversão, mas é bom que saibam que aquela banda de meados dos anos noventa não é mais a mesma.
Faixas:
1. Between the Lines
2. Take a Load Off
3. Huckleberry Crumble
4. Hickory Dichotomy
5. Dare If You Dare
6. Cinnamon
7. Hazy Daze
8. Bagman
9. Peacoat
10. Fast as I Can
11. First Kiss On Mars
12. Maver
Fonte: Whiplash
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